quinta-feira, 24 de julho de 2008


Palavras de molho
Pus de molho as letras
Uma mão cheia delas
Vários abecedários
E muitas salteadasVogais, bastantes.
Pu-las a refrescar em água friaUns cubos de gelo derretidos antes
Três graus bem medidosEstão a demolhar como o fiel amigo
Mas são outras que as do excesso salino
As razõesFicam-se elas por coisas da almaIndefinições
Demolho-as uns tantos dias
Mudo a águaAguardo que se entrelacem
Pês com ós, és e emes agarrados a ás
Tantas formas que nem sei imaginar
Se o soubera nem precisava demolhar
As letrasSoltariam sua presença
Em presençaEm contados, em histórias, em narrar
AssimFicam ali, já disse
Mas temo que seja demais deixá-las a medrar
Um dia ou maisTemo que rebentem em raízes
Deitem folhas, flores
Que saiam da água por aí em fila,Aos grupos
Palavras dependuradas em árvores
Um susto que eu nem saberia
Nem pela cabeça passariaO que elas iam por aí contar
Mais vale que as refresque um pouco
O tempo apenas de que venham
Como aos ovosAcima as que, eventualmente
Estejam chocasE se forem todasPois se forem
Nunca mais as usoNunca mais escrevo uma linha
Por enquanto, estão ali fresquinhas
Maria de Fátima
Texto vencedor da MA McManoel's

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