sexta-feira, 30 de maio de 2008


O deus que não evoluiu

Ao ler hoje os jornais pela manhã, senti estar em uma daquelas datas históricas da humanidade. O Supremo Tribunal liberou as experiências com as “Células Tronco”. Não podemos dimensionar direito o efeito que esse fato vai trazer sobre a Sociedade Humana, mas em um futuro, não muito longe, temos a esperança de cura para vários males que assolam nosso corpo “sapiens” em evolução. É claro que não podemos nos deixar iluminar pelo ufanismo e esperar milagres em curto prazo, ou verdades absolutas; com curas instantâneas, como as encontradas nas páginas de muitos livros religiosos. Mas a esperança é um sentimento tão aprazível à alma, principalmente para aqueles entrevados em uma cama ou em uma cadeira de rodas, ou mais; para os que não tinham uma chance de sobrevida, que certamente não podemos deixar de esperar boas novas. A medicina poderá, doravante, trazer palavras de conforto, e muito mais do que palavras, ações.
Apesar da bancada Evangelista da Câmara tentar vetar a lei de qualquer modo, sem uma explicação plausível: Seria ela inspirada em um deus que não evoluiu? Prometem avançar contra a liberdade de vida, sob a liderança desse deus com menos de três mil anos de idade, esquecendo de que os hominídeos caminham sobre a Terra há pelo menos quatro milhões de anos. O Homem teve um prazo bem maior para evoluir, coisa não muito fácil.

Esse deus é ainda um australopithecus , perto do poder que o conhecimento humano pode produzir, quando relegado a um “Bem Maior”. Parabéns, senhores Ministros. Entrarão para a História como os profetas de uma nova Era. Esta sim, verdadeira.

Alian Moroz

quarta-feira, 28 de maio de 2008


JC Doidão em seu "Sermão da Montanha". Ao seu lado (direito de quem vai) Temos Simão Pedra, um dos discípulos mais destacados de JC Doidão.

terça-feira, 27 de maio de 2008


Uma Galinha
Clarice Lispector
Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã.Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio. Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou — o tempo da cozinheira dar um grito — e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E por mais ínfima que fosse a presa o grito de conquista havia soado.Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre.Estúpida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se pode­ria contar com ela para nada. Nem ela própria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que morrendo uma surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma. Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, pare­cia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:— Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! ela quer o nosso bem!Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:— Se você mandar matar esta galinha nunca mais comerei galinha na minha vida!— Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros.Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto.Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga — e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado.Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar. Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho — era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos.Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

sábado, 24 de maio de 2008


O amor real, por manter as suas raízes no equilíbrio, vai se firmando dia a dia, através da convivência estreita.

O amor, nascido de uma vivência progressiva e madura, não tende a acabar, mas amplia-se, uma vez que os envolvidos passam a conhecer vícios e virtudes, manias e costumes de um e de outro.

O equilíbrio do amor promove a prática da justiça e da bondade, da cooperação e do senso de dever, da afetividade e advertência amadurecida.
Essa é a minha amiga Marcela e o namoradão, comemorando cinco anos juntos. Parabéns!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ninguém presta à sua geração maior serviço do que aquele que, seja pela sua arte, seja pela sua existência, lhe proporciona a dádiva de uma certeza. James Joyce

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Virgílio disse a Montaigne: "Bem que eu poderia me jogar daquela torre!" Montaigne sem desviar os olhos do líquido carmesim à sua frente, pergunta: "Que eu sei?" Virgílio avalia a pergunta e não encontrando resposta para si, diz: "Sócrates dizia que seu saber era não saber nada, outros modelarão, bem o creio, bronzes com vida e sem dureza; extrairão dos mármores seres animados; defenderão melhor as causas; medirão com o compasso o curso dos céus e anunciarão o nascer dos astros, mas eu, não creio entender algum propósito nisso tudo."Montaigne levanta a taça, o taverneiro despeja mais do denso vinho. Avista a torre onde passara o resto de seus dias e diz:"Nós podemos chegar a ser cultos com conhecimento de outros homens mas nós não podemos ser sábios com sabedoria de outros homens. Eu sei bem do que eu estou fugindo, mas não o que eu estou buscando. Sabe, meu caro amigo, nós imortais, não podemos nos atirar de torres. Não envenenamo-nos, tampouco deixamo-nos enveredar por esses caminhos duvidosos que muitos temem. Estamos longe disso meu amigo. O que o teme sofre, sofre já de seu medo."Virgílio se levanta. Cambaleando parte em direção à torre."Então vamos amigo. Veremos se o que diz é verdade. Subamos..."Depois do último gole Montaigne se levanta. Cambaleando como Virgílio segue o amigo pelos rastros tortuosos. "Espere poeta errante! Vou contigo pois nós mesmos somos a matéria de nossos livros.

"Meu amigo Samuel Peregrino. Escritor ,Músico, Poeta,..etc...etc...

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Liberdade não é fazer o que se quer, mas querer o que se faz. (Sartre)


Estou lendo A Idade Da Razão... não sei quando termino. É que ler 3 vezes a mesma página é trabalhoso.

quarta-feira, 14 de maio de 2008


"Quando uma conversa com alguma divindade misteriosa permitir bestialidade na quarta-feira e absolvição no domingo, me cobre." - Sinatra
Dez anos sem "the Voice"

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O público não gosta de inovação porque a teme. Representa para ele uma forma de Individualismo, uma afirmação por parte do artista de que ele mesmo escolhe o seu tema e o trata como lhe convém. A Arte é Individualismo, e o Individualismo é uma força inquietante e desagregadora. Nisto reside seu grande valor, pois o que procura subverter é a monotonia do tipo, a escravidão do costumeiro, a tirania do habitual e a redução do homem ao nível da máquina. Na Arte, o público aceita o convencional por não poder alterá-lo, mas não porque o aprecie. Engole seus clássicos por inteiro, sem degustá-los. Suporta-os como ao inevitável. E já que não podem digeri-los a seu gosto, ruminam. De modo assaz estranho, ou nada estranho, segundo a visão de cada um, essa aceitação dos clássicos causa um grande mal.

Assim disse O. Wilde

Texto enviado pela amiga Suelysofia.



segunda-feira, 5 de maio de 2008

"Tenho o hábito de acreditar nas pessoas, mas de duvidar de suas crenças!"- by Angel

Essa é a Angel , uma menina simpática que conheci no Boteco.

sábado, 3 de maio de 2008

Umberto Eco, escrevre em nome da Rosa e em nome de todos os amantes da Filosofia da Arte