sexta-feira, 27 de junho de 2008

Nietzsche


" Só se escolhe a dialética, quando não se tem mais nenhuma outra saída. Sabe-se que se suscita desconfiança com ela, que ela é pouco convincente. Nada é mais facilmente dissipável do que um efeito dialético:a experiência de toda e qualquer reunião na qual se conversa, o prova. Ela só serve como saída drástica nas mãos daqueles que não possuem nenhuma outra arma. É preciso que se tenha de estabelecer à força o seu direito: antes disto não se faz uso algum dela. Por isso, os judeus eram dialéticos. Como? Sócrates também o era?A ironia de Sócrates é uma expressão de revolta? De ressentimento da plebe? Ele goza enquanto oprimido de sua própria ferocidade nas estocadas do silogismo? Ele vinga-se dos nobres que fascina? À medida que se é um dialético, tem-se um instrumento impiedoso nas mãos"

terça-feira, 24 de junho de 2008


"Às vezes, sem que o espere ou deva esperá-lo, a sufocação do vulgar me toma a garganta e tenho a náusea física da voz e do gesto do chamado semelhante. A náusea física direta, sentida diretamente no estômago e na cabeça, maravilha estúpida da sensibilidade desperta... Cada indivíduo que me fala, cada cara cujos olhos me fitam, afeta-me como um insulto ou como uma porcaria. Extravaso horror de tudo. Entonteço de me sentir senti-los. E acontece, quase sempre, nestes momentos de desolação estomacal, que há um homem, uma mulher, uma criança até, que se ergue diante de mim como um representante real da banalidade que me agonia.
Texto de Fernando Pessoa , postado pela amiga Suely Sofia.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Em memória

Arrastada a moça
divulgada na praça
atadas as mãos atrás da saia
atadas as tranças em laçada
azul nos laços soltos
azul no céu.
Passavam dez das duas da tarde.
Moça de saia amarrotada
o sol queimava-lhe.
Desfizeram-lhe as tranças
soltaram-lhe as mãos.
Na parede ficou um risco encarnado.
Dez depois das duas da tarde
o sol brilhava e o céu era de azul.
Sangue de mocidade.
Sangue vermelho em céu azul.
Na praça, nunca mais caiado,o muro.
Poesia de autoria da minha amiga Maria de Fátima.
Uma lusitana com sangue derramado aos versos.

terça-feira, 17 de junho de 2008


Samuel Butler:
"A vida é a arte de tirar conclusões suficientes a partir de premissas insuficientes" "A vida é como a música. Deve ser composta de ouvido, com sensibilidade e intuição, nunca por normas rígidas" "Afinal de contas, o prazer é um critério mais seguro do que o dever e do que o direito" "O público compra opiniões do mesmo modo que compra a carne ou o leite, partindo do princípio de que custa menos fazer isso do que manter uma vaca. É verdade, mas é mais provável que o leite seja aguado" "As amizades de um homem, tal como a sua vontade, são anuladas pelo casamento - mas são anuladas da mesma maneira pelos casamentos dos seus amigos" "Uma apologia ao Diabo: é preciso lembrar que apenas ouvimos uma versão da história. Deus escreveu todos os livros"

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Paulo Leminski
I
Confira
tudo que respira
conspira
II
Tudo é vago e muito vário meu destino não tem siso, o que eu quero não tem preço ter um preço é necessário, e nada disso é preciso
III
Cinco bares,dez conhaques atravesso São Paulo dormindo dentro de um táxi.Visso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além
IV
O Paulo Leminski é um cachorro louco que deve ser morto a pau a pedra a fogo a pique senão é bem capaz o filho da puta de fazer chover em nosso piquenique

Paulo Leminski nasceu aos 24 de agosto de 1944 na cidade de Curitiba, Paraná. Em 1964, já em São Paulo, SP, publica poemas na revista "Invenção", porta voz da poesia concreta paulista. Casa-se, em 1968, com a poeta Alice Ruiz. Teve dois filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas por Caetano Veloso e pelo conjunto "A Cor do Som". Publica, em 1975, o romance experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de James Joyce, John Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry, entre outros, colaborando, também, com o suplemento "Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista "Veja". No dia 07 de junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. Paulo Leminski foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia de Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos últimos 20 anos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio Jabuti de Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva — Rio de Janeiro.

quarta-feira, 4 de junho de 2008


A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.
Einstein